Quais cuidados você tomaria se sua marca fosse atrelada a um influenciador? Quais cuidados deveriam ser previstos em contrato?
Há 10 anos a adidas firmou parceria com o rapper Kanye West, especialmente para desenvolver um novo tênis, os Yeezy. Os tênis foram um sucesso, vendidos por valores expressivos, atingindo números impressionantes.
Porém, nos últimos anos, Kanye, agora conhecido como Ye, tem se popularizado não apenas pelas músicas e aparições midiáticas, mas também por inúmeras declarações polêmicas e preconceituosas.
O auge (negativo) aconteceu quando o rapper traçou comentários antissemitas, fazendo apologia ao nazismo, utilizando-se de discurso de ódio.
Tal fato foi a gota d’água para algumas parcerias do cantor serem encerradas, mais notadamente sua parceria com a #Adidas, marca alemã.
Com o encerramento da parceria surgiu a questão: o que fazer com as milhares unidades dos tênis #Yeezy em estoque?
Nos dias seguintes ao anúncio, foi intensa a discussão acerca dos direitos de propriedade intelectual, relativos às sapatilhas Yeezy.
A empresa de Ye detém várias marcas registradas, entre elas a Yeezy e YZY para calçados e vestuário.
O contrato celebrado com a Adidas previa o licenciamento das marcas até 2026, com a Adidas tendo a maior parte dos lucros, enquanto Kanye receberia 15% de royalties.
A responsabilidade pelo design e produção era da Adidas, sendo esta também detentora de direitos de propriedade intelectual, envolvendo marcas e até patentes das características da sapatilha.
Embora a Adidas não quisesse mais ter a marca alinhada com a figura pública de #KanyeWest, o estoque de tênis tinha valor estimado em 1,2 bilhão de euros.
Ainda, o contrato era omisso sobre a rescisão pelo motivo que levou ao fim da relação entre as partes.
O descarte das peças não funcionaria visto o desperdício de valores, materiais, além do desrespeito aos designers responsáveis pela criação das peças, que, querendo ou não, tem grande valor.
A solução escolhida então foi retomar as vendas dos Yeezy, porém, com toda a arrecadação com as vendas sendo destinadas exclusivamente para doações à instituições de combate ao racismo e discurso de ódio.
Vemos que a solução, embora pareça ter sido a melhor possível, evidencia a necessidade de atenção profissional em parcerias que envolvam a propriedade intelectual das partes, a fim de evitar impasses dessa magnitude, com impactos financeiros e sociais tremendos.
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Texto escrito por Gustavo Fernandes de Oliveira, originalmente escrito no LinkedIn.